terça-feira, 28 de setembro de 2010

Reflexão

"Vida doméstica é para gatos. Se ser feliz para sempre é aceitar com resignação católica o pão nosso de cada dia e sentir-se imune a todas as tentações, então é deste paraíso que quero fugir.
Tenho medo de não conseguir manter minhas idéias, meus pontos de vista, minhas escolhas (...) Tenho medo dessa busca desenfreada pela verdade, pelas respostas. Eu me esgoto tentando morder meu próprio rabo (...) Ok, eu sei que jamais vou derramar um copo de cerveja na cabeça de um homem, nem vou sair nua pelos parques protestando contra o uso de casacos de pele. Eu nunca vou fazer uma extravagância, e é isso que me assusta, por que uma piração de vez em quando pode ser muito bem vinda. Eu não tenho medo de perder o senso. Eu tenho medo é desta eterna vigilância interior, tenho medo do que me impede de falhar.
Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos. Um filme mais ou menos, um livro mais ou menos. Tudo perda de tempo. Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, se acaso, sua adoração ou seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia. (...) As coisas muito boas e as coisas muito ruins exigem explicação. Coisas mais ou menos estão explicadas por si mesmas.
Perigoso é a gente se aprisionar no que nos ensinaram como certo e nunca mais se libertar, correndo o risco de não saber mais viver sem um manual de instrução.
Sou quase oriental... sou latina muito raramente. Mais tudo mudou ando tão mexicana, por dentro quase histérica. (...)
Talvez lembre de mim como uma mulher vivida, descolada, que lida bem com relações descartáveis, logo eu que odeio copos de plásticos, canudinhos, tudo que não dure.
Não gosto de nada que é raso, de água pela canela. Ou mergulho até encontrar o reino submerso de Atlântida, ou fico à margem, espiando de fora. Não consigo gostar mais ou menos das pessoas, e não quero essa condescendência comigo também.
Sexo deveria ser como uma chuveirada. Uma gargalhada.
Não gosto da vida em banho-maria, gosto de fogo, pimenta, alho, ervas, por um triz não sou uma bruxa. (...)
Eu me exijo desumanamente. Tenho impressão de que se eu não tiver uma vida bem argumentada ela vai se esfarelar em minhas mãos. Sou garimpeira, quero sempre cavoucar a razão de tudo, não consigo dar dois passos sem rumo determinado". (Martha Medeiros)


- me sinto um liquidificador de pensamentos, preciso de tempo.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

sou eu

não tem igual. as cores me chamam atenção, eu gosto de flores e sou viciada em leite com nescau (de colher!). eu amo bichos, me interesso por pessoas, e se não fosse nutricionista, não seria mais nada. eu tenho as mesmas amigas a mais ou menos 15 anos, e de 5 anos pra cá agreguei algumas poucas pelo caminho, mas tão importantes quanto. eu sou extremamente leal, extremamente empática e extremamente sentimental. me distraio facilmente e nunca me canso de dançar. sonho alto, crio expectativas, quebro a cara, e vivo cada minuto dessa montanha russa. eu odeio montanha russa. o melhor lugar do mundo pra mim quase ninguém conhece, e ele é meu. tenho a nostalgia alta, e morro de saudade dos meus amigos. odeio o fato de amigos homens sumirem quando namoram, mas morro de ciúmes do meu namorado. aprendi a não ligar para o que as pessoas pensam de mim, e diminuir o nível de expectativa em relação à elas; ainda não aprendi a realizar o mesmo com as situações. tenho muito o que aprender, e já não me sinto mais criança. as sardas não me incomodam mais, mas o peso não pode passar de “x”. meu nível de exigência é alto, eu sou rancorosa e não costumo perdoar (me) com facilidade. eu quero sempre mais, o que é morno me incomoda. não sei viver de médias expectativas. eu amo demais, eu sou feliz demais, eu choro demais. e se o “demais” não vier acoplado, então eu nem ligo. cresço e aprendo comigo e com as pessoas a minha volta – observando e entendendo o contexto de cada um. não tem igual.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

hoje.

a verdade é que não tenho muito tempo, mas foi impossível deixar de abrir o blog. tenho sumido para me reencontrar. como dizia o poeta: "ando devagar porque já tive pressa", é assim que eu me sinto. a vida me pediu calma, enquanto eu tentava agarrar o mundo com duas mãos. eu me permiti entender o que eu sinto sem deixar o sentimento me dominar (valeu, carol!), e isso foi bom, está bom. por isso ando assim, apreciando o silêncio e tentando planejar pouco, e agir mais.
sou tão eu agora, trabalhando as mágoas, a ansiedade, a vontade de ter tudo pronto, ONTEM. - tento apenas seguir em frente dando um passo de cada vez. eu sei que vai demorar, mas eu acredito que vai valer a pena.

pensei, pensei, pensei, mas achei sem querer a música pra me definir:

Tocando em Frente - Almir Sater

Ando devagar
Porque já tive pressa
Levo esse sorriso
Porque já chorei demais

Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe,
Só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente

Cada um de nos compõe a sua historia
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz